03/07/2025 15:56:00 - Atualizado em 03/07/2025 15:56:00

Uso de produtos de skincare e maquiagem em crianças pode adiantar puberdade? Veja o que dizem os especialistas!

Ana Souza com supervisão de Caio Fonseca / Redação RedeTV!

 Pesquisa aponta que produtos químicos encontrados nas substâncias podem impactar desenvolvimento hormonal

(Foto: Freepik)

O aumento de tutoriais e produtos de beleza voltados ao público infantil acendeu um importante sinal de alerta: o uso precoce e inadequado de cosméticos pode causar sérios danos à saúde das crianças. A exposição a determinadas substâncias, mesmo em produtos considerados “seguros” para essa faixa etária, pode antecipar a puberdade, provocar reações alérgicas e comprometer a integridade da pele.

Para compreender melhor os riscos envolvidos e os cuidados necessários, o dermatologista Gustavo Novaes, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e formado pela Universidade de São Paulo (USP), e a maquiadora, colunista e comunicadora de beleza e bem-estar Vanessa Rozan conversaram com o portal da RedeTV!.

Com o crescimento da popularidade dos conteúdos de beleza nas redes sociais, crianças e pré-adolescentes têm começado a usar cosméticos cada vez mais cedo. Essa tendência preocupa especialistas, principalmente no que diz respeito ao uso de produtos voltados aos cuidados com a pele.

“Alguns produtos cosméticos podem desencadear a menarca precoce, desenvolvimento de mamas ou outras manifestações da puberdade em idades ainda mais jovens”, afirmou o Dr. Novaes.

Além das questões hormonais, Vanessa chama atenção para um uso cada vez mais comum — e perigoso: o skincare infantil sem orientação adequada.

“A princípio, a maior preocupação é em relação ao uso do skincare mais do que da maquiagem. […] Para mim, a preocupação, muito mais do que a maquiagem em si, é o uso muito precoce do skincare, sem acompanhamento, sem a necessidade, e sem acompanhamento de um médico, de um profissional que possa instruir corretamente o uso dos produtos”, pontuou a maquiadora.

Substâncias que preocupam

Uma pesquisa publicada na Endocrinology ainda apontou que fragrâncias presentes em cosméticos podem ativar áreas cerebrais ligadas à puberdade. O mesmo estudo também identificou altos níveis de ftalatos, compostos químicos associados a disfunções hormonais, na urina de crianças que usavam frequentemente loções e protetores solares. 

Mesmo produtos rotulados como “seguros” devem ser avaliados com cautela. “O termo hipoalergênico indica menor risco, mas não garante que o produto não causará alergias […] A pele infantil é mais fina, mais sensível e mais permeável, o que facilita a penetração de substâncias irritantes”, explicou o dermatologista Gustavo Novaes.

Vanessa Rozan fez um alerta sobre ativos comuns em cosméticos para adultos, mas inadequados para crianças. “O uso do retinol, por exemplo, […] pode fazer com que a pele fique muito mais sensibilizada. […] Tivemos o caso de uma menina na Inglaterra que estava usando retinol ao redor dos olhos e quase perdeu a visão por querer combater um envelhecimento precoce”, disse ela.

Problemas de pele e riscos diários

O uso frequente de maquiagem e de produtos para cuidados com a pele também pode causar ressecamento, dermatites, cravos, espinhas e infecções. “A obstrução dos poros por maquiagem ou pelo skincare pode favorecer o surgimento de cravos, espinhas ou míliuns. O ideal é evitar o uso diário de maquiagem antes dos 12 anos”, recomendou o especialista.

Ele ainda alertou sobre os cosméticos de brinquedo, bastante populares entre crianças, mas com menor controle de qualidade: “[Esses produtos] normalmente não passam por controle mais rigoroso da Anvisa”.

Além disso, a remoção completa dos produtos antes de dormir é uma etapa indispensável para evitar danos à pele.

Escolhas conscientes e papel dos pais

A procedência dos produtos deve ser uma prioridade. “Sempre pensar em uma marca de qualidade, que tenha o teste da Anvisa […] ao invés de comprar uma maquiagem que você não sabe se a Anvisa olhou e aprovou essa fórmula. […] Isso é muito importante”, reforçou Vanessa Rozan.

Ela ainda destacou os impactos emocionais causados pelas redes sociais, que impõem às crianças padrões irreais de beleza: “Esse conteúdo […] mostra pessoas muito jovens, sem poros, sem linhas, sempre muito glamurosas, com filtro […] Então, é um universo que promove o consumo e que gera também uma angústia com a autoimagem”.

Por isso, o monitoramento familiar é essencial: “Quanto mais os pais puderem controlar o uso e o acesso das redes sociais… controlar a quantidade de produtos que essa criança tem acesso […] isso tem que ser comprado com supervisão, tem que ser usado com supervisão, de preferência com uma supervisão médica.”

A maquiadora encerrou com um conselho direto ao consumidor: “É muito importante que a gente saiba ler a bula como consumidor […] entender o que está ali, onde foi fabricado, onde foi envasado […] e ser mais críticos.”

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